Alguma coisa acontece no meu coração, só quando cruzo a ACM com a Tancredo Neves. E eu já estava mesmo bem mais perto de um infarto que de um êxtase de realização profissional ou qualquer coisa ao menos parecida.
Se faz algum sentido este infame cotidiano dos meus concidadãos metropolitanos, alguém me explica então qual o sentido da vida, os graus de complexidade estão ali, ó, tête-à-tête.
Há algum tempo mudei de local de trabalho. Encurtei uma distância de 25Km ou mais, que eu dobrava no exercício de ida e volta. Cinquenta e lá vai quilômetros diários recheados de trânsitos, estresses, buzinas e muito, muito tempo de traslado. Aliás, agora praticamente zerei a minha distância e estou indo trabalhar a pé. Em um mês rejuvenesci mentalmente 1 ano. O corpo ainda não, a distância é curta para eu chamar a caminhada de exercício físico.
(pausa para ver o vídeo)
Companheiros e companheiras façam suas escolhas, sejamos formigas ou cigarras. Na plenitude do que cada um desses insetos tem a oferecer. Uma coisa, outra coisa ou outra ainda que não atrapalhe a harmonia, por favor.
As cigarras, por exemplo. Esses homopteros vivem do que a terra lhes dá e passam a vida cantando com um propósito básico de se acasalar. O que, em outras palavras, também significa Os Novos Baianos da Década de 70.
E as formigas? A sabia Marquesa de Rabicó, a Emília do Sítio do Pica-pau Amarelo, a mesma que deu um sabão no führer Adolf Hitler (que deu pena), resolveu reformar a natureza inteira mas se recusou a mudar um grão sequer no modus operandi das formigas. Para ela, tudo estava na mais completa correção na vida destes pequeninos seres.
Ora, vejam bem que essas daí sabem muito mais do que qualquer arquiteto urbanista ou engenheiro bem estudado. Constroem uma cidade completa, com estações, ventilação, calefação, sem aperreios. E, juro, se shopping center fosse algo realmente bom para a vida de qualquer ser vivo, não faltaria no formigueiro.
Isso sem falar na prática agropecuarista. As formigas aprisionam os pulgões e os estimulam a produzir licôr. As criaturinhas também cultivam alguns cogumelos, indoor.
Ah, como parecemos estúpidos diante das formigas. Quando elas invadem nossas casas pra comer do nosso açúcar, devem nos olhar como aos pulgões. Ainda bem que ainda não cabemos nos seus formigueiros. E, eis que essas criaturas sabem muito mais sobre o sentido da vida do que pensamos saber, com toda essa parafernália metafísica que só nos deixa ainda mais confusos.