Hoje, ouvindo a BandNews, resolvi dar uma ajuda a meus amigos (especialmente aos jornalistas) da parte mais baixa do país a formular uma crítica correta da nossa música e nosso carnaval. Assim sendo, segue o manual básico:
01. É o Tchan, Parangolé (Tchubirabirón e Rebolation) NÃO são músicas de Axé. São os nossos pagodes, variantes do samba de roda, pai de todos os sambas;
02. Nem todas as músicas da Bahia são Axé;
03. Não dá pra atribuir qualidade à música por rótulo de estilo. Por exemplo, existe samba bom e samba ruim, rock bom e rock ruim. Gosto é outra coisa.
04. O Axé é uma linha musical pouco precisa, que se remete à música moderna de Carnaval da Bahia e, em geral, utiliza a base do Samba-Reggae, do Frevo e do Ijexá, mas que já tem variações enormes, graças ao poder de inventividade dos baianos;
05. Para quem gosta de rotular, pode carimbar como Axé algumas musicas, como: Zanzibar (A Cor do Som), Filha da Chiquita Bacana (Caetano), A Luz de Tieta (Caetano), Meia Lua Inteira (Caetano), Sol de Oslo (Gil);
06. Tom Zé, João Gilberto, Moraes Moreira, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Dorival Caymmi, Raul Seixas, são compositores. E acreditem, SÃO BAIANOS!!! O que nos faz pensar que a música que fazem é “música baiana”;
07. O Carnaval da Bahia não tem apenas trios elétricos tocando Rebolation. Também é possível ouvir Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Armandinho (o baiano, não aquele de Santa Catarina!!!);
08. O Carnaval da Bahia também tem marchinhas, fanfarras, sambas, afoxés e até rock. Tem para todos os gostos. Inclusive um circuito no Pelourinho que é espetacular! E isso, antes mesmo dos cariocas redescobrirem as ruas, no carnaval que estava restrito às mesmices das escolas de Samba;
09. Prefiro mil Rebolations a um Bonde do Tigrão.
E atenção, aviso aos jornalistas cariocas:
Não fiquem com ciúmes. Um dia, talvez, Gilberto Gil e Bono Vox também poderão cantar juntos uma música de Bob Marley nas calçadas da magnífica Copacabana. Quem sabe.
Agora, por favor, não vá mais dar uma de BURRO CARNAVALESCO!