Kal-el nasceu em Krypton, um planeta de uma galáxia distante. Na hora de Krypton dar adeus à existência, ou melhor dizendo: morrer, que é fim comum a todas as coisas, inclusive aos planetas, ainda deu tempo de cuspir o menino dentro de uma cápsula. Vagou anos luz de distância e foi cair em Itaparica.
Seu Miguel, pescador, e Dona Antonia, marisqueira, acharam o negócio estranho esfumaçando e o menino bem branquinho dentro. Mesmo com a vida muito simples e acerbada, junto aos seis filhos homens, adotaram o moleque como o sétimo e o batizaram Malaquias.
O menino cresceu feliz entre os irmãos. Ninguém se importou muito com a visão de raio x, super força e com o fato de Malaquias voar. Apesar das estranhas diferenças, as outras crianças da ilha se davam bem com ele. Apenas o incomodava o apelido de Malaca Camarão. Sua pele alva, exposta ao sol escaldante de Itaparica, deixava o menino com uma cor vermelha de dar dó.
Aprendeu a ler com Dona Wilma, apaixonou-se pela professora de ciências, deu primeiro beijo na escola, conheceu o amor na Lavagem do Bêco com uma preta linda de Cacha-Prego. Virou pescador dos bons. Casou-se, teve três filhos normais. Foi avô de três meninas e dois meninos. Viveu muito bem até os oitenta e cinco anos, quando, com a super visão um pouco atordoada pela idade, tratou errado um baiacú e morreu envenenado de fel.
E o sétimo filho de seu Miguel passou assim pelo planeta terra. Nem lobisomem nem super-homem. Os bandidos continuam a solta, o mundo não rodou ao contrário, as catástrofes continuam dentro do seu curso natural, e Malaquias foi um cara feliz, lá da ilha de Itaparica.
Originalmente publicada em 16/06/2009
Observação sobre o tema:
Observação sobre o tema:
Há aqui uma inspiração e homenagem ao filme "O Superoutro" de Edgar Navarro, que há anos atrás deu uma porretada na minha cabeça jovem e distraída.
A foto foi tirada em Itaparica, no cais.
Muito legal Maurutto!!!
ResponderExcluirMe embolei!!
show de bola! O goiano já viu isso ??
Ele vai adorar!
um abraço
Olá! conheci seu trabalho através de uma amiga em comum ... a Bel de São Paulo ... parabéns pelas crônicas e pelas fotos! Vi também seu trabalho” lá dentro da mata “ como você poderá ver ,eu compartilho desta visão .. ensinar às novas gerações o respeito à natureza!
ResponderExcluirUm abraço e continue inspirado!
Wow!!! que belo casamento de texto e fotografia!
ResponderExcluirParabéns!
certa feita, ainda moleque, fui à sua casa trocar revistinhas e percebi uns rascunhos sobre a mesa. seus desenhos me arrebataram de tal forma que despertaram meu interesse por mangás. hj, depois de um longo período de pouquíssimo contato, a sensação se repete. suas fotos, seu texto, seu traço, sua música. trabalho boca de sifudê. e inspirador. valeu!
ResponderExcluirA foto traz o cheiro de Itaparica, com a quele ventinho salgado do cais, batendo no rosto, enquanto olhamos o pôr do sol. O contos é lindo !!!
ResponderExcluirVocê sempre arrasa !
Beijos,
Anelise
Léo está certo: a ideia é muito legal!
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